Em um discurso inflamado e carregado de indignação na sessão desta quarta-feira (23), o vereador suplente Fernando Angelim (MDB) denunciou o que classificou como uma tentativa sistemática de silenciar sua voz e retaliar sua atuação como líder do governo na Câmara Municipal. Visivelmente contrariado, o parlamentar relatou um ambiente de hostilidade e manobras que, segundo ele, visam macular sua imagem e restringir sua liberdade de expressão.
“Quero começar minha fala de forma lamentável”, iniciou Angelim, dirigindo-se ao presidente da Casa, vereador José Estevo (PSD). O vereador suplente expressou seu descontentamento com informações que estariam chegando ao governo com o intuito de prejudicá-lo. “Não sei qual é o mal que eu venho fazendo; não é de agora, já faz um bom tempo, e eu sei o que está chegando ao governo a meu respeito. Isso é lamentável quando alguns se colocam como pessoas de bem”.
O ponto central de sua revolta parece ter sido motivado por comentários e atitudes de outro vereador que, ao mesmo tempo em que defende seus próprios direitos de votar e se expressar, tentaria limitar a atuação de Angelim e ditar como ele deveria proceder.
Com veemência, Angelim reafirmou sua independência e a legitimidade de sua voz, mesmo na condição de suplente. “Sinto que sou igual a essas pessoas, ninguém manda no meu voto, vereador Joaquim, porque o vereador Fernando Angelim hoje está aqui no mandato de suplente, e o vereador Fernando Angelim não vai se calar, ninguém vai calar a minha boca só porque sou suplente”.
O vereador também abordou questões de interesse público, mencionando a intenção de apresentar um requerimento sobre o sistema de ônibus municipal. Ele lamentou não ter podido formalizar o requerimento; esse requerimento farei na próxima semana, onde solicitarei informações detalhadas sobre linhas, quilometragem e valores pagos às empresas. “Como presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, farei e encaminharei esse requerimento de forma respeitosa a esta Casa, para que meus pares possam discutir e votar da forma que quiserem. Se o requerimento passar, bem; se não passar, não vejo problema, mas eu, enquanto vereador, não irei ficar encurralado”.
A tensão no discurso aumentou ao relatar comentários feitos em um grupo de Whatsapp, nos quais o secretário de Infraestrutura teria respondido a críticas sobre a administração com a frase “cada um sofre as consequências pelo que fala”. Angelim interpretou essa mensagem como uma ameaça velada e reagiu com contundência: “Que venham as consequências, venha ‘consequência trajada de ditadura’, que a ‘consequência venha e traga o nome do seu ditador coroado’, traga coroado porque eu não vou me calar jamais”.
Em um tom pessoal e emocionado, o vereador suplente relembrou sua trajetória de vida para refutar qualquer tentativa de intimidação. “Toda a vida trabalhei; meu pai, eu perdi com 7 anos de idade; desde os 7 anos de idade, Silvio, eu trabalho; passei necessidade, muitas necessidades; trabalhei no machado, fiz carvão dentro das caatingas para sobreviver, mas nunca roubei e não vai ser hoje, depois de 54 anos, Silvio, que o vereador Fernando Angelim vai sair dessa cadeira, vai morrer de fome, passar fome se essas consequências que dizem esses que são democráticos, mas portais à ditadura, mandarem vir ao meu encontro, me tirar daí, me tirem, podem me tirar, eu não vou passar fome, pode ter certeza, os meus filhos não passarão fome porque eu vou sair, eu não nasci na cadeira de vereador, estou vereador, me tirem da cadeira, volta, secretário, para a cadeira, senta no meu lugar, essa é a consequência que você, que fala de democracia, vem sente; eu não tenho medo”.
Finalizando seu pronunciamento, Fernando Angelim reiterou que não se deixará intimidar e que sua luta é também em defesa dos eleitores que o colocaram na Câmara. “Não querem calar o vereador Fernando Angelim, querem calar o povo, querem calar 539 votos fiéis, querem calar as pessoas que hoje estão me apoiando por conta do meu posicionamento aqui... querem calar os pais, as mães que têm seus filhos nesses ônibus que muitos não valem nada mesmo e eu vou para cima... não ficarei de braços cruzados, não vou aceitar intimidação de ninguém... não me sentirei, vereador Joaquim, intimidado. Que Deus abençoe a todos”.
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